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♟️Supi é vice-campeão na Argentina
A história de Bobby Fischer, como avaliar uma posição, Faustino ganhando do Fier

Muito bom dia! Seja bem-vindo(a) a mais uma edição especial da news da neo. Hoje, trouxemos uma homenagem ao GM Bobby Fischer, que completaria 82 anos ontem. Espero que você goste.
Uma pequena observação: Para garantir mais qualidade na produção da newsletter, começaremos a enviar apenas na segunda-feira, seguindo às 08:08 da manhã ;)
Na edição de hoje, você vai ver:
🇳🇴 Carlsen voltando pro xadrez clássico
🇺🇲 A história de Bobby Fischer, um dos maiores da história
🇧🇷 Supi vice-campeão de um Aberto na Argentina
🎓 Como avaliar uma posição
Regis Junior, editor e fundador da Neochess Brasil.
HIGHLIGHTS
Se você perdeu…
🇦🇷 O Messi do Xadrez, Faustino Oro, de 12 anos, venceu o GM brasileiro Alexandr Fier por 3 a 1 em um match online no Internet Chess Club.
👀 Por falar em Faustino, o garoto jogou uma simultânea contra 20 alunos do curso do GM Supi e da MF Julia Alboredo, incluindo o Raffael Chess. O resultado? 19 vitórias, 1 empate e nenhuma derrota para o argentino.
😬 Depois de acusações contra Hans Niemann no ano passado, Daniil Dubov venceu o oponente americano em um match de blitz na Rússia. Agora, Hans terá que responder uma pergunta de Dubov no detector de mentiras.
🇳🇴 De surpresa, Magnus Carlsen apareceu na Liga Norueguesa para salvar a equipe na primeira divisão do país, e fez 3 vitórias em 3 rodadas. Já a equipe acabou na x posição.
🏆 Mais um mundial pra Índia: O GM Pranav venceu o Campeonato Mundial de Xadrez Junior com 9 pontos em 11 rodadas, em Montenegro.
BIG STORY
82 anos de Fischer: A história de um dos maiores de todos os tempos

Foto: WCHOF/Reprodução
9 de março de 1943. Nesse dia, na cidade de Chicago, nos EUA, nascia um dos maiores jogadores da história do xadrez, Robert James Fischer, ou como ficou mais conhecido, Bobby Fischer.
Campeão Mundial em 1972, ele foi o responsável pela era de ouro do xadrez americano e ficou conhecido como mais que uma lenda, um heroi nacional.
Ontem, Bobby faria 82 anos de idade, mas ainda é lembrado e, para alguns, considerado o melhor de todos os tempos. E é sua história que vamos conhecer hoje.
P.S: Estamos testando um texto um pouco maior hoje, mas conta pra gente o que você achou no feedback no rodapé do e-mail, por favor.
O início
Fischer era filho de uma professora naturalizada americana nascida na Suíça e — supostamente — de um físico alemão. Sua mãe criou Bobby e sua irmã, Joan, sozinha e sem um emprego fixo, o que dá uma ideia das condições da infância do garoto.
Nos anos 50, sua mãe foi investigada pelo FBI por supostas ligações com o comunismo e com o possível pai verdadeiro dele, um matemático e fisico húngaro.
O início da carreira
Aos 6 anos, em 1949, Bobby e Joan aprenderam a jogar xadrez com um manual de instruções de um tabuleiro comprado em uma loja de doces.
Passando por diversos clubes anos depois, Bobby disputou seus primeiros torneios de destaque, vencendo o Campeonato Americano Junior em 1956 aos 13 anos de idade.
Ainda nesse ano, Fischer viria a vencer o “jogo do século”, uma partida contra um forte MI dos EUA, onde ele sacrificou a dama para um grande ataque. Veja essa partida aqui.
Campeão Americano
Em meio a vários torneios e recordes, o menino Fischer foi convidado para seu primeiro Nacional Absoluto aos 14 anos de idade, em 57.
O que poucos esperavam é que ele venceria seu primeiro título nacional, que ele venceu 8 vezes em 8 participações.
Um ano depois, ele se tornou o Grande Mestre mais jovem da história até então, com 15 anos e 6 meses. Em seu primeiro Torneio de Candidatos, em 59, ele terminou no 5º lugar de 8 participantes.
A carreira conturbada
Nos próximos anos, Fischer disputou vários eventos na elite, e já aos 19 anos, em seu segundo Torneio de Candidatos — em 1962 — acusou os Soviéticos de conspiração para empatar entre si e guardar energia na hora de jogar contra ele.
Algum tempo depois, inclusive em uma semi-aposentadoria por alguns anos por conflitos com a FIDE, envolvendo até questões religiosas, Bobby voltou atropelando o Candidatos de 1970, ganhando a final por 6,5 a 2,5.
O match do Século — 1972
Com aquela vitória, Fischer se classificou para o seu primeiro Mundial, que seria contra o soviético Boris Spassky, no auge da Guerra Fria.
O Match aconteceu na Islândia e chamou a atenção da imprensa do mundo todo. Fischer começou perdendo por 2 a 0 depois de um erro bobo na primeira partida.
No entanto, em seguida Bobby fez uma virada impressionante, incluindo uma vitória linda no jogo 6, que fez seu oponente aplaudí-lo de pé. No fim da história, ele se tornou o 1º e único campeão mundial dos EUA por 12,5 a 8,5.
Desaparecimento, exílio e fim da carreira
Depois de conquistar o título e se tornar um heroi nacional, Fischer surpreendeu o mundo ao se afastar do xadrez profissional e se recusar a defender a coroa em 1975.
Durante anos, ele viveu recluso e recusou propostas milionárias de patrocínio, voltando apenas em 1992 para uma revanche contra Spassky, que ele venceu, às custas de ser sancionado e exilado pelo Governo dos EUA.
Em seus últimos anos, Fischer foi preso no Japão, quase deportado, e fazendo declarações antissemitas, até migrar para a Islândia, onde faleceu em 2008.
Seu legado
Quase duas décadas após sua morte, Bobby Fischer segue sendo um símbolo da cultura popular, e é lembrado por muitos como o maior de todos os tempos, comparado a Magnus Carlsen e Garry Kasparov.
Seu estilo de jogo, marcado por agressividade, preparação e precisão, ficou na história, com seus jogos sendo estudados por muitos ainda hoje em dia.
Uma de suas últimas frases foi “Eu odeio o xadrez porque eu sei o que o xadrez é.”
Assim, uma lenda se despediu do esporte que foi sua vida.
Em memória de Robert James Fischer, (1943-2008).
P.S: Com informações da biografia de Fischer na Wikipedia
VÍDEO DA SEMANA
7 prodígios do xadrez brasileiro que você precisa conhecer
BRASIL
Supi é vice-campeão do Perez Open

Foto: Organização do evento
🇧🇷🇧🇷🇧🇷 OLE OLE OLE OLEEEEE SUPIII, SUPII! O GM brasileiro Luís Paulo Supi foi vice-campeão do forte Perez Chess Open, que aconteceu na pequena cidade de Perez, na região central da Argentina.
Além dele, sua esposa, a MF Julia Alboredo, atual número 2 do Brasil, e a WFM Juliana Figueira, estrela do xadrez juvenil brasileiro também jogaram o evento.
Por que importa: Além de ter sido o primeiro torneio do ano para o bicampeão brasileiro, o Perez Open teve a participação de jogadores como os GMs Alan Pichot (Espanha) e Sandro Mareco (Argentina), que lideravam o ranking inicial.
Como foi o torneio? Supi abriu as primeiras rodadas com 4 vitórias seguidas contra oponentes não titulados, todos argentinos, seguindo o resultado previsto.
Já a partir da 5ª rodada, ele começaria a enfrentar jogadores mais fortes, começando pelos GMs Flores e Mareco, em que ambas as partidas acabaram em empate.

Imagem: Youtube/Raffael Chess
🔥 Pulando para a 8ª rodada, Supi fez história. Em uma bela partida contra o GM Leonardo Tristan, da Argentina, ele sofreu um forte ataque arriscado, mas contra-atacou de forma genial e forçou o abandono do argentino.
A posição crítica do jogo foi a da imagem acima, onde, de brancas, Supi ficou sob a pressão forte da dama e da torre das pretas, que estavam na penúltima coluna.
Depois de um empate na última rodada, o brasileiro ficou empatado em primeiro lugar com 7,5 pontos em 9 rodadas, mas acabou atrás nos critérios de desempate, levando o vice-campeonato na terra dos hermanos.
🗣 Depois do evento, em um vídeo no Youtube, Supi disse que esse foi o primeiro torneio em um ano, em que ele realmente jogou bem, como nos seus tempos de número 1 do Brasil.
P.S: Pra ver o vídeo do próprio Supi sobre o torneio, clica aqui, e para conferir a análise da rodada 8 pelo Raffael Chess, aqui.
DICA DA SEMANA
Como avaliar uma posição?
Mais uma semana, mais uma dica pra melhorar o seu xadrez. Hoje, estamos trazendo um resumo de um artigo do GM Leitão sobre como avaliar posições.
Uma avaliação precisa da posição no tabuleiro é essencial para definir seu plano de jogo. Essa avaliação vai muito além de “contar pontos”, mas é simples e com certeza vai te ajudar. Vamos ao 4 passos simples para fazer isso.
1️⃣ Conte o material
Verifique se há vantagem material. Saber exatamente o que está no tabuleiro ajuda a decidir se você deve atacar, defender ou simplificar a posição.
👍 Se você estiver com mais peças ou ‘pontos’ geralmente o ideal é simplificar e trocar peças par chegar em um final vantajoso.
👎 Mas se você estiver com menos, o ideal é evitar a simplificação e garantir uma posição com mais chances de virada.
2️⃣ Analise a estrutura de peões
Peões bem posicionados fortalecem seu jogo. Observe fraquezas como peões dobrados, isolados ou atrasados, além de colunas abertas e controle central.
👎 Caso você tenha uma dessas fraquezas, o ideal é se livrar delas da forma menos prejudicial possível, ou contra-atacar em alguma do adversário.
👍 Já se você tiver alguma oportunidade, como uma coluna aberta ou o controle do centro, tente focar o ataque nisso para aproveitar.
3️⃣ Avalie a mobilidade das peças
Uma peça mal colocada pode prejudicar sua estratégia. Reposicione suas peças ativamente e restrinja as do adversário para melhorar sua posição.
👀 Aqui, a ideia é garantir que sua peça tenha mais área de atuação e um bom posicionamento. Exemplo: Um bispo no canto só se move em uma direção, enquanto no centro ele move em 4.
4️⃣ Cheque a segurança dos reis
O rei está seguro? Se não, pode ser hora de atacar ou reforçar sua defesa. Em algumas posições, esse fator se sobrepõe a todos os outros!
👍 Se o rei do seu adversário não está seguro — ou sob ameaça de xeque-mate — geralmente é a hora de focar em um ataque mais direto nele, sem, claro negligenciar sua própria posição.
👎 Mas se o seu rei estiver inseguro, é ideal se proteger, seja com peças ou tirando o rei da ameaça, ou até fazer um contra-ataque — desde que seja rápido o suficiente.
Como aplicar na prática?

Observando a posição acima, podemos perceber algumas coisas rapidamente.
As pretas tem 3 peões a mais, e as brancas um bispo, o que, pensando em pontos, fica equilibrado.
Já a estrutura de peões das pretas é superior, com os dois peões do lado esquerdo tendo chances de passar, enquanto as brancas mal têm peões.
Por outro lado, a mobilidade das peças brancas é muito superior, com o cavalo no centro, a torre na coluna aberta e a dama pronta para um ataque.
Além disso, o rei das pretas não está seguro, com a última fileira vulnerável. Já o das brancas, tem as peças próximas que podem montar um eventual escudo.
O jogador de brancas tem uma vantagem, mas precisa conter os peões das pretas, ou pode acabar perdendo feio — Nesse caso, o jogador (eu) venceu a partida.
Praticar essa avaliação constantemente fará com que ela se torne automática, permitindo que você tome melhores decisões e jogue com mais confiança. Experimente aplicar esses passos na sua próxima partida!
PRA FINALIZAR
3 em 1 da segunda
🧩 Puzzle do Dia: Um puzzle mais avançado pra começar a semana
♟️ Jogo do dia: A vitória de Supi na rodada 8 do Perez Chess Open, na Argentina
🗣 Frase(s) do dia: “Xadrez é vida” e “Eu odeio xadrez” — Robert James Fischer
ANTES DE IR EMBORA
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POR HOJE É ISSO 👋
Um novo xadrez para um novo tempo.
Assim nós terminamos mais uma edição da news da Neo, a newsletter que chega no seu e-mail nas segundas e sextas com tudo que você precisa saber sobre o xadrez brasileiro e mundial!
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Uma boa semana pra você!
